sábado, 21 de junho de 2014

Ordenação de mulheres entre os Batistas brasileiros, uma história em construção



Encontro de pastoras em Niterói, RJ
 Em 10 de julho de 1999, acontecia em um eletrizante e histórico culto na periferia de São Paulo, capital, minha ordenação (ou consagração) e posse como pastora titular da PIB em Campo Limpo, uma igreja Batista filiada à Convenção Batista Brasileira.
1999 foi um ano divisor de águas na denominação Batista e na minha vida pessoal. O concílio público foi realizado no dia 26 de junho de 1999, um dia após meu aniversário de 30 anos. Já não era uma jovenzinha, mas a maturidade necessária para enfrentar aquele ano foi sendo ganha aos poucos. Até hoje é impossível esquecer - e não devo - como a decisão de uma comunidade pode transformar toda uma realidade.
Quando a PIB em Campo Limpo instaurou o processo de sucessão pastoral não imaginávamos até onde chegaríamos e o quanto esse caminho poderia ser revolucionário na realidade denominacional.
Engana-se quem achou que sabíamos o que viveríamos, os enfrentamentos , as perseguições, as perdas, os ganhos, a compreensão histórica, entre tantas coisas vividas por mim e por eles e elas, irmãos e irmãs dessa corajosa e batista igreja periférica da capital. Fomos como Maria e Moisés, compreendendo gradativamente e agindo corajosamente na superação dos obstáculos do caminho.
Sou imensamente grata a Deus por viver seu kairós, imensamente grata a Campo Limpo por ratificar minha fé na comunidade e no seu poder. Imensamente grata a amigos e companheiros/as que me sustentaram, motivaram, desafiaram, criticaram, mas que sempre de alguma forma , entenderam que eu poderia viver aquele momento. Gostaria de citar todos, mas cito agora apenas o pr. Antonio Carlos de Mello Magalhães.
pastores da PIB em Campo Limpo, SP

Essa é uma história em construção, sendo escrita. Não há, ainda, nenhum livro ou texto que dê conta do passo a passo até aqui.
No ano de 2016, temos um projeto em parceria para registrarmos essa e muitas outras histórias de vocações pastorais exercidas por mulheres no Brasil Batista .  Até lá, vamos reunindo os textos. Alguns com informações corretas, outros, nem tanto, mas todos compõem os fios a serem tecidos por nós, pastoras batistas do Brasil, na preservação de nossa memória.

domingo, 8 de junho de 2014

Javé é um Deus que sabe

Certa vez, no dia do pastor(a), os irmãos de minha igreja lembraram-se que pastor também é ovelha. Na simplicidade dessa metáfora reside uma verdade às vezes cuidadosamente negligenciada por nós ministros. Nossa função não tem a centralidade que pensamos, pois estamos todos na mesma condição diante de Deus.
A discussão em 1Sm sobre a necessidade ou não da monarquia em Israel é suplantada pela afirmação de como deverá ser esse rei, qual seu compromisso vital. Para Samuel, o rei é Javé, os monarcas humanos devem representá-lo, ou seja, torna-lO presente. Nós pastores (as) não somos Reis, muito menos tiranos , espero, mas somos líderes do povo com o compromisso vital de tornar Deus presente em nossas vidas e comunidades de fé.
No maravilhoso e engajado cântico de Ana (1Sm2,1-10), os atributos de Deus são impressionantes. Nossa pequenez de ovelha desconhece a complexidade da existência e os caminhos da história, mas cremos, como Ana, que Javé é Deus que sabe. O que Ele sabe, vamos compreendendo aos poucos. Por isso, o esperado é ficarmos mais sábios. Como disse a um colega no dia de sua ordenação: tudo muda, nada muda. Nós continuamos com nossas limitações pelo pouco que sabemos, mas Deus trabalha conosco, e em nós, para sairmos da ignorância em direção ao que Ele sabe.

diálogo no museu da justiça