A história das mulheres em ministério é tão antiga quanto a própria história do Cristianismo. Infelizmente, essa memória não foi preservada da forma como deveria e merecia a ponto de se constituir o pano de fundo inquestionável do exercício pleno dos diversos ministérios existentes na igreja cristã atual.
Pra. Zenilda Cintra |
O problema desse silêncio institucional é favorecer os desgastes pessoais, os enfrentamentos e, a mais nociva das consequências, retardar o exercício de vocações dadas por Deus às mulheres e ratificadas pelas comunidades de fé em todos os cantos do Brasil.
Pastoras Mabel, Norma, Adriana e Jandira |
Obviamente, nem todos os sujeitos envolvidos na construção das mudanças cedem a essa estratégia. E, logo em seguida, são rotulados como resistentes, rebeldes, agitadores, ultrapassados, e qualquer outra pecha que cause temor. No caso do atual processo histórico de ordenação de mulheres aos ministério pastoral entre os Batistas, a pecha de feminista e liberal.
Pra Silvia Nogueira |
Uma rápida análise sobre o poder dessa estratégia concluirá que a institucionalização canhestra é, na verdade, o realinhamento do poder nas mãos dos que sempre o tiveram e que, por um momento, ficaram sem o controle do processo e de seus resultados.
As mudanças na forma de conciliar candidatos ao ministério pastoral, o discurso de que a submissão a esses novos processos e caminhos apontados pela OPBB é a única forma de ser pastor(a) Batista em consonância com as expectativas da denominação, alinhado com o crescente questionamento da autonomia da igreja local e do absurdo argumento de ministérios exclusivamente locais são o atual discurso veiculado nos bastidores e nas instâncias decisórias.
O que aquece a discussão agora, não é mais quem discorda ou é a favor do ministério pastoral exercido por mulheres, mas sim, na mão de quem estará as próximas ordenações/consagrações.
Discussão antiga sobre o porquê das próprias mulheres terem tão pouca solidariedade entre si. Como essa cultura promove entre esses sujeitos femininos uma crescente insensibilidade aos seus pares que sofrem as mesmas adversidades e necessitam das mesmas conquistas de direitos e de legitimidade. É lamentável perceber a "facilidade" com que são comprados os discursos hegemônicos, como é fácil demonizar o outro que não cede - e nem vai ceder - a autonomia individual e a autonomia da igreja- e como vai se constituindo um léxico do que é permitido e outro, do que é proibido.
Faz parte da estratégia maior do patriarcado, consciente ou inconscientemente, não importa, dividir para governar.
É bom perceber, no entanto, que a vida sempre dá um jeito de fugir ao controle. Nesse caso, a consagração de mulheres (assim como de homens) entre os Batistas brasileiros sempre será uma decisão das igrejas locais, assim como o trânsito ministerial. Se por um lado, há o silenciamento, a tentativa de tutela e a tentativa de dividir "por dentro"; por outro, há barulho, resistência e esforço de unidade.
pastoras Batistas no I Congresso Brasileiro de Pastoras Batistas e Vocacionadas |
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