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"Ninguém nasce sabendo" já diz a sabedoria popular. Mas ao nascer, inauguramos nosso processo de aprendizagem sobre tudo, da linguagem aos comportamentos sociais. Para aqueles e aquelas que um dia compreenderam que suas vidas estavam também marcadas por uma vocação religiosa e pastoral, em particular, é fácil compreender que estamos aprendendo o tempo todo sobre ser isto que dizemos que somos.
Não é a imposição de mãos sobre nossas cabeças que determina a nossa prontidão para o ministério pastoral, esse ofício nobre de servir aos outros e, ao mesmo tempo, tão cheio de armadilhas e perigos. Não estamos prontos para os desafios diários de nossa tarefa comunitária. Estamos sempre aprendendo a ser. Se somos conscientes disso, aprendemos, e muito, com o tempo e as experiencias vividas por nós e por outros como nós. Inclusive, a corrigir o que pensamos sobre nós mesmos e o nosso valor no quadro geral dos filhos e filhas de Deus.
Nem toda aprendizagem é boa. Algumas são dolorosas, especialmente as que estão impregnadas de desamor, como o abandono na velhice, o menosprezo dos colegas que se sentem superiores ou mais "bem-sucedidos", ou, ainda, os que lutam pela dignidade de suas vidas e de suas famílias e nem sempre conseguem alcançá-la no ministério.
Contudo, há ainda uma quantidade significativa de pastores(as) que não lobotizam seus rebanhos nem fazem da fé um negócio; antes, pastoreiam com sinceridade de coração e misericórdia. Pastores(as) que entendem gradativamente sua frágil importância e, em contrapartida, a alta importância que tem cada pequenino e pequenina deste mundo. Estamos a caminho e não estamos sozinhos. Há, ainda, a calorosa sensação da companhia do Ressurreto entre nós, a presença de Jesus conosco que não nos permite perder (por muito tempo) a noção do que realmente importa.
Hoje, então, na celebração do dia do pastor e da pastora, afirmo que estamos todos aprendendo a ser pastor. Os que já se consideram prontos estão enganando a si mesmos e aos outros, penso eu. Mas também preciso afirmar que ao passo que aprendemos a ser pastores não devemos desaprender outras formas de ser e viver.
Existem muitos de nós que estão confusos quanto ao caráter da própria vida que se mistura de forma indissociável à vocação abraçada. Somos também homens e mulheres, pais e mães, amantes, amigos e amigas, profissionais, filhos e filhas, irmãos e irmãs, cidadãos, sonhadores e sonhadoras, curiosos e curiosas, questionadores e questionadoras, pensadores e pensadoras, discípulos e discípulas, mestres, jovens e velhos.
Faz muito mal a nós, pastores, aprender a ser algo, esquecendo ou sacrificando outras facetas, igualmente legítimas e abençoadoras. Que não nos fechemos no gueto de nossa confissão religiosa, mas que continuemos também a aprender em todas as dimensões da vida. Feliz dia do pastor(a)!